Caixa de Ferramentas
Era dia de festa lá na aldeia, o presidente da Junta de Freguesia preparava-se para inaugurar o mais recente investimento para o desenvolvimento do interior. Imaginem só que esse senhor conseguiu convencer o Governo a construir um aeródromo… sim, já que a OTA tem direito a aeroporto, a sua freguesia também precisava de transporte aéreo. É que a sede de concelho fica a 25 Km e não há nenhuma estrada decente! Adiante. Para a inauguração e já que do Governo ninguém aceitou o convite, estavam o maior representante da monarquia em Portugal, o Duque de Bragança… Espero que a família Câmara Pereira não esteja a ler isto! Estavam ainda o Dr. Paulo Portas e o padre lá da paróquia e ao mesmo tempo de mais umas quantas na vizinhança.
Estava tudo preparado para a primeira descolagem e quem é que aparece na pista? A Maria, sim a Maria… A mulher do Presidente… da junta como é lógico! O que lá estava ela a fazer? Queria a toda a força entrar na avioneta.
- Ó mulher, só pode ir o piloto e quatro passageiros! – Dizia o presidente.
- Eu vou, eu vou, eu vou…
- Não podemos mandar as visitas embora, mulher!
- Eu vou, eu vou…
- Anda lá Maria, tu até és levezinha… ninguém vai dar por isso.
Logo a seguir à descolagem algo corre mal… ouve-se um estrondo daqueles! Lá da frente vem o piloto:
- Parece que perdemos um motor e vamos cair… O problema é que só temos 4 pára-quedas para os passageiros. Um de vocês vai ter de morrer.
Ao dizer isto pega no seu pára-quedas e salta.
O presidente da junta muito preocupado com as visitas tenta arranjar uma solução:
- Bem, já que a Maria quis vir mesmo sem poder, é ela que está a mais! Por isso tu ficas cá! Xau mulher!
E salta! Nisto levanta-se o Duque muito aperaltado e diz:
- Eu sou convidado! E que a paz chegue a Timor…
E com isto também dá o salto para o desconhecido. A este segue-se Paulo Portas:
- Eu trabalhei toda a minha vida, mereço a salvação!
Nisto segue as pisadas dos anteriores.
Na avioneta já só estão duas pessoas, o padre e a Maria. Mas a Maria está muito calma e o padre estranha:
- Maria, não percebo como estais tão calma sabendo que um de nós terá de morrer.
- Ó senhor padre.., nenhum de nós vai morrer!
- Mas Maria, já só há um pára-quedas!
- Senhor padre, o meu Homem levou mas é a caixa de ferramentas.
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